
Por Henrique Kugler - Ciência Hoje On-line / RJ
Com o objetivo de mensurar o desempenho
socioambiental de diferentes nações, a ONU apresentou no domingo (17),
na Rio+20, um novo indicador econômico: o Índice de Riqueza Inclusiva.
Crescer, crescer e crescer. Esse é o mantra que
vem pautando a economia do mundo contemporâneo ao longo das últimas
décadas. Não por acaso, geralmente é o PIB (Produto Interno Bruto) o
indicador econômico mais reverenciado pelas nações e por seus
respectivos dirigentes e líderes. Mas não é novidade alguma que só o
PIB, pura e simplesmente, pouco diz sobre o grau de evolução social e
ambiental de um país. Afinal, crescimento não é sinônimo de
desenvolvimento – e a história de “fazer o bolo crescer” para somente
depois dividi-lo já se mostrou falaciosa.

Por essas e outras, uma equipe de economistas
da Universidade das Nações Unidas (UNU) e do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (Pnuma), apresentou, no domingo (17), um novo
indicador: o IRI (Índice de Riqueza Inclusiva). “É uma nova medida de
progresso econômico, que agora inclui, entre outros fatores, o capital
natural e o capital humano”, disse o subsecretário-geral e reitor da
UNU, Konrad Osterwalder.
Os criadores do IRI destacam que o avanço
econômico tradicional se baseia, essencialmente, na depredação dos
recursos naturais do planeta. “Mas por quanto tempo uma economia pode
crescer se não levar em conta a finitude de seus recursos?”, questionam
os economistas.
À luz do conceito de limites do planeta,
disseminado pelo pesquisador e ambientalista sueco Johan Rockström, do
Stockholm Environment Institute, a abordagem parece fazer sentido.
Primeiro relatório
Na carona do lançamento do IRI, os economistas
apresentaram ao público o Relatório de Riqueza Inclusiva 2012, primeiro
estudo baseado no novo indicador. Foram analisados 20 países, e aqui vão
alguns dos dados mais comentados: a medir pelo PIB, as economias da
China, Estados Unidos, Brasil e África do Sul cresceram,
respectivamente, 422%, 37%, 31% e 24% entre 1990 e 2008. Mas se medirmos
o desempenho econômico de acordo com o IRI, essas mesmas economias
cresceram apenas 45%, 13%, 18% e -1%.
Das 20 nações analisadas, 19 mostraram redução
nas taxas de recursos naturais per capita. O único país que apresentou
saldo positivo em seu capital natural foi o Japão – o que aconteceu,
segundo os economistas, em função do aumento da cobertura florestal do
país.
Avanço?
“A Rio+20 é uma oportunidade para deixarmos de
entender o PIB como única medida de prosperidade no século 21”, afirmou o
diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner. “Mensurar as questões
sociais, a integridade dos recursos naturais e o bem-estar humano deve
ser prioridade para iniciarmos a transição que almejamos”, concluiu.
O novo indicador apresentado responde – pelo
menos em parte – a uma antiga demanda das comunidades civil e acadêmica.
A formulação do conceito foi iniciada em 2008, e a ideia a partir de
agora é que novos relatórios sejam lançados a cada dois anos. “O IRI
obviamente não responde a todas as perguntas que gostaríamos de fazer,
mas é preciso considerar que, por hora, seu grande mérito é o simples
fato de ser um novo indicador diferente do tradicional”, disse o
economista Anantha Duraiappah, da UNU.
Falando em indicadores, vale dar uma olhada no
que fez o rei Jigme Singye, soberano do pequeno e distante reino do
Butão, cravado nos Himalaias. Por lá, deixaram o PIB em segundo plano; e
passaram a perseguir uma meta “econômica” bem menos comum,
contabilizada por um indicador nada ortodoxo: a FNB (Felicidade Nacional
Bruta). Em tempos de Rio+20, a ideia até poderia parecer atual – se não
houvesse sido colocada em prática no distante ano de 1972.
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