A cor do emprego é verde

O emprego tem cor. É verde. A ordem mundial focada no desenvolvimento sustentável exige um novo perfil profissional. Carreiras sintonizadas com a preservação do meio ambiente e o bem-estar social. As oportunidades surgem em várias áreas de atividades: fornecimento de energia, construção civil, industrial, transporte, agrícola e florestal. A estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é que sejam criados 60 milhões de empregos verdes nos próximos 20 anos no mundo. O Brasil tem cerca de 3 milhões de postos de trabalho formais "verdes" e é uma aposta para o futuro. Inserir o mundo do trabalho na economia verde é tema da Cúpula Mundial Green Jobs da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável - a Rio+20.

Foto: Samuca e Jarbas/DP


Como definir o emprego verde? Pela cartilha da OIT são ocupações que contribuam para reduzir os impactos ambientais, frutos do crescimento econômico desordenado. Esses postos de trabalho devem ser decentes, ter qualidade, respeitar o trabalhador. Nada comparável aos empregos precários, informais e mal remunerados dos catadores de lixo do Brasil. A reciclagem pode exibir selo de emprego verde desde que oferte empregos formais, dignos, com boas condições de trabalho e renda.

Leyla Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), coordena a Cúpula Mundial Green Jobs na Rio+20, explica que a economia verde exige que todas as carreiras tenham esse viés porque abrange todas as profissões. Vai além do engenheiro ambiental e do técnico de gestão ambiental. Ela cita o exemplo de um administrador que atua na área de logística. "Ao lidar com os fornecedores e transportadores ele tem que aplicar o conceito de que a empresa pode crescer sem agredir o meio ambiente". É o mantra da sustentabilidade.

Para os empregos verdes florescerem, os países têm que reformular as políticas de educação. Segundo Leyla, as instituições de ensino superior e técnico no Brasil precisam adaptar os seus currículos às carreiras verdes. A presidente da ABRH considera que existem atitudes isoladas, mas é preciso uma política de governo que incopore a economia verde à vida escolar desde a educação fundamental. Até porque o desenvolvimento limpo depende da oferta de mão de obra que atue para reduzir a poluição ambiental e preservar os recursos naturais. É questão de sobrevivência dos povos.

Algumas instituições de ensino de Pernambuco passaram a incorporar a nova realidade do mercado de trabalho à grade curricular. O curso de engenharia de produção da Faculdade Boa Viagem (FBV), por exemplo, criou a disciplina de energias renováveis e biocombustíveis. Coordenador do curso, o professor Ronaldo Campos, confirma que existe potencial de empregos no estado para suprir os projetos desenvolvidos na área de biocombustíveis. 

Em sintonia com as necessidades do mercado de trabalho, a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) incluiu no mestrado em processos ambientais disciplinas relacionadas às questões ambientais. A coordenadora do mestrado, professora Alexandra Salgueiro, destaca que a grade curricular incorpora conceitos de desenvolvimento sustentável. "Os alunos estão vendo que os empregos verdes têm potencial de empregabilidade", pontua.

OIT estima que serão criados 600 milhões de empregos verdes
Cúpula da Rio+20 discute os rumos do trabalho no mundo sustentável, que exige novo perfil profissional
Rosa Falcão
rosafalcao.pe@dabr.com.br

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