O Mercado de Carbono
Conhecer sobre o Mercado de Carbono na atual conjuntura de negócios que acontecem no cenário brasileiro adquire notada relevância, pois se trata de um assunto contemporâneo e traz consigo mudanças significativas tanto no contexto econômico global quanto nos sistemas comportamentais locais.
Mercados
Hoje existem basicamente dois tipos de Mercado de Carbono: o Mercado Regulador e o Mercado Voluntário de Carbono. O Mercado Regulador se traduz pela existência da obrigatoriedade do atingimento às metas de redução dos GEE, pelos países do Anexo I, no caso do Protocolo de Quioto ou, do recém estruturado RGGI no nordeste dos EUA.
O cumprimento das metas de redução pode se dar inclusive através da aquisição dos créditos de carbono gerados nos países em desenvolvimento. O MDL, mecanismo de desenvolvimento limpo é um dos instrumentos desta operação e viabiliza a comercialização dos créditos de carbono junto aos principais mercados, o europeu e o japonês.
No Mercado Voluntário, os compradores adquirem os créditos de carbono de acordo com sua conveniência e necessidade, seja ela responsabilidade socioambiental, posicionamento competitivo ou investimento financeiro, já prevendo as oportunidades de um futuro “mercado regulador”. Não há regime de metas de redução neste mercado. Os mecanismos de mercado são mais ágeis permitindo a negociação de créditos de carbono entre empresas e entre empresas e cidadãos. Um destes mecanismos é o OTC- over the count, um esquema de mercado de balcão que viabiliza a comercialização dos créditos .
O mercado de carbono no Brasil
O país ocupa a terceira posição mundial como desenvolvedor de projetos de MDL, atrás da China e Índia. O item Carbono ocupa o 17º lugar na balança de exportações brasileiras correspondendo a uma receita anual de US$ 476,5 milhões. E tende a aumentar.
Este mercado torna-se a cada ano, em seu contexto geral, mais atrativo para os investidores nacionais e estrangeiros por diversos motivos. Um deles é a capacidade do país em gerar projetos desta natureza. Apesar de a matriz energética ser majoritariamente renovável, portanto de baixa emissão de GEE, existem alguns projetos que são emblemáticos em nível mundial devido ao volume de créditos gerados e complexidade.
O surgimento da modalidade conhecida por REDD – Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação da terra, descortinou uma grande oportunidade de desenvolvimento de novos negócios com foco na preservação da biodiversidade com possibilidades de uma robusta geração de créditos de carbono.
Neste cenário são passíveis de desenvolvimento as seguintes modalidade de projetos:
I- Projetos de carbono no âmbito do VCM;
II- Projetos de REDD, também no âmbito do VCM e
III- Projetos de MDL no âmbito do Protocolo de Quioto.
(A Bolsa de Chicago não será contemplada nesta abordagem).
I- Projetos do VCM: sendo processos menos burocráticos, oferecem algumas vantagens reais: são mais rápidos, em até 6 ou 8 meses um projeto pode ser registrado e comercializado, mesmo seguindo as diretrizes técnicas e metodológicas do MDL.
Para agregar credibilidade e normatizar procedimentos, hoje são encontrados nada menos que 17 diferentes padrões para certificação de projetos no VCM.
O VCS – Voluntary Carbon Standard é o mais utilizado. Gera um ativo financeiro conhecido por VCU – Verified Certification Units. Outro padrão bastante conhecido é o Gold Standard que gera o VER, Verified Emission Reduced. Ambos significam toneladas de carbono reduzidas e reconhecidos como “créditos de carbono”.
Créditos de Carbono
A demanda pelos créditos tende a aumentar principalmente porque os EUA já vem discutindo há algum tempo a aprovação da legislação federal que controlará as emissões de carbono. Caso isto aconteça, e tudo parece indicar que sim, os Estados Unidos adotarão uma política nacional de controle e redução dos GEE que levará o mercado voluntário a crescer exponencialmente.
No Brasil o valor do crédito tem girado ao redor de 4 a 5 dólares por unidade. Em países europeus varia entre 6 e 15 dólares por unidade. Alguns estudos apontam para raríssimas exceções que poderiam chegar até 40 dólares por unidade. Em nível global este mercado tem apresentado forte crescimento. Em 2007 negociou cerca de U$ 263 milhões, em 2008 saltou para U$ 396 milhões em 2009, ao redor dos U$ 700 milhões e em 2010 a tendência de expansão se mantém.
Sinais complementares vêm reforçar a tendência de crescimento deste mercado: (I) aumento da conscientização por segmentos da sociedade ocidental a qual passa a desejar produtos com “pegada ambiental mais leve” e, portanto levando as empresas à ações de redução e compensação de emissões e; (II) metas de redução assumidas pelo Brasil no final do ano passado e recentes manifestações do governo sinalizando que brevemente haverá uma lei estabelecendo metas de redução de emissões para alguns segmentos da economia.
Cenário que está levando algumas empresas a repensarem seus posicionamentos quanto ao carbono. Não há uma estimativa clara sobre o tamanho deste mercado no Brasil, mas é perceptível o potencial de expansão e a existência de oportunidades para desenvolvimento de novos projetos.
fonte: hsm global
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