Oléo de cozinha é vilão dos sistemas de esgotos quando é mal descartado

Aliado das donas de casa no preparo de alimentos, o óleo de cozinha
pode ser um vilão e tanto se for despejado no sistema de esgotos.
Descartado de forma incorreta, a substância pode causar sérios danos
ao meio ambiente, além de obstruir a rede de tubos que recebem os
dejetos de residências. A Companhia de Águas e Esgotos do Rio
Grande do Norte (Caern) tem reiterado em diversas orientações junto
a seus clientes que uma vez retido nas tubulações é preciso utilizar
produtos químicos para a remoção do óleo. E em lugares onde não
existe sistema de tratamento de efluentes, o líquido acaba se
espalhando pela superfície de rios e represas, contaminando a água.
"Quando o óleo se mistura à rede de esgoto, após determinado tempo, ele endurece e forma pedras, acarretando
obstruções", afirma o chefe da Unidade de Operação e Manutenção de Redes de Esgoto da Caern para as regiões
Sul, Oeste e Leste de Natal, engenheiro Raulyson Ferreira de Araújo. O produto entope a tubulação e pode fazer
os dejetos retornarem ao imóvel. E o perigo não se restringe a isso, vai mais além. Um litro deste líquido usado
em frituras pode contaminar até um milhão de litros de água. E esta pequena quantidade do produto leva 14 anos
para ser absorvido pela natureza.
O assunto é muito sério. Para ter uma ideia do potencial nocivo deste material é preciso saber que se a
substância vai para um rio, cria uma barreira na superfície da água que dificulta a fotossíntese das algas e a
oxigenação dos peixes.Segundo o engenheiro, a melhor maneira de descartar o óleo de cozinha seria levando-o
aos postos de coleta. "Há supermercados da cidade que o recebem", diz.
RECICLAGEM
Muita gente lança o óleo depois de utilizado nos ralos e nas pias das residências sem se importar com as
consequências deste ato impensado. O certo é fazer o descarte de maneira consciente e civilizada. A opção
ambientalmente adequada é a reciclagem do produto. Utilizando cinco litros de óleo, dois de água, 200 mililitros
de amaciante e um quilo de soda cáustica em escama, por exemplo, pode-se produzir sabão em barra. Ele
também é matéria-prima para a fabricação de outros produtos como detergente, glicerina e ração de animais. E
como é feito a partir de vegetais como soja, algodão, milho e girassol pode ser alternativa para a produção de
biodiesel.
Existem outras opções interessantes. Há três anos, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio
Grande do Norte (Abrasel-RN)desenvolve o projeto "Papa Óleo". A iniciativa funciona da seguinte forma:
restaurantes cadastrados recebem o óleo, descartados por moradores das redondezas ou de outros locais
conscientes de seu deve de cidadão, armazenado em garrafas pet, e em seguida é coletado pela RCW Coletora de
Óleo Saturado, empresa parceira do projeto. Nos estabelecimentos, o produto é depositado em recipiente limpo,
seco e livre de resíduos. Uma vez por semana ele é recolhido pela RCW e, portanto, reutilizado de maneira
sustentável.
Atualmente são onze restaurantes cadastrados para a coleta do óleo. São estabelecimentos situados em bairros
como Petrópolis, Tirol, Capim Macio, Ponta Negra, Lagoa Nova e Via Costeira. A lista com os nomes e endereços
dos estabelecimentos que podem receber o óleo de cozinha está no site da entidade (www.abraselrn.com.br).

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